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Pauta verde de Lula perde força com Trump, mas relação deve ser de diálogo, apesar de Musk

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Inúmeros cenários têm sido traçados no Brasil após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, da euforia de Jair Bolsonaro em conseguir um salvo-conduto eleitoral do Congresso a problemas na economia, com possíveis freios nas importações americanas, passando pelo crescimento da direita no Brasil e no mundo.

Raquel Miúra, correspondente da RFI em Brasília

Para analistas ouvidos pela RFI, a direita já tinha crescido, basta ver o resultado das eleições municipais. Mas daí ao retorno de Bolsonaro tem uma imensa distância, mesmo com a vitória dos republicanos, já que esses não têm na política interna brasileira uma prioridade.

Mesmo na economia há vieses que não deixam linear a equação ‘protecionismo lá, menos exportação daqui’, a começar pela falta de clareza sobre os programas de Donald Trump. O economista Gilberto Braga, professor do IBMEC, disse que certo mesmo é que a China será o alvo principal do presidente reeleito. “O que se sabe é que ele não tem um programa efetivo para a economia, mas sim promessas de campanha. Então até meados de janeiro, até que se conheça os rumos nessa área, haverá especulações e oscilações do mercado. O que sabemos é que o governo de Trump vai focar muito mais num combate às relações comerciais com a China, que hoje são a grande pedra no sapato da economia americana”, ressalta Braga.

Sobre o comércio exterior, o economista explicou que medidas protecionistas prejudicam as exportações dos outros países, inclusive as do Brasil, para o mercado norte-americano. Mas, por outro lado, tendem a manter o dólar apreciado e os juros americanos em patamares mais elevados do que se imaginava para o ano que vem.

“Dólar mais caro favorece as exportações de uma forma geral, inclusive para a economia americana, naquilo que não tiver qualquer tipo de sanção”, apontou o professor do IBMEC.

COP 30

Pela força econômica e militar americana, o retorno do republicano à Casa Branca ecoa no mundo todo, reforçando um discurso conservador que se mantém em alta também no Brasil. No entanto, para o analista internacional Luís Renato Vedovato, da Unicamp, o impacto é maior em países já governados pela extrema direita, não sendo possível inferir reflexos disso no pleito presidencial brasileiro de 2026. Mas ele chama atenção para o fato de que algumas bandeiras sensíveis para o presidente Lula, como o meio ambiente, perdem força com a derrota dos democratas

“Com relação à política internacional, ano que vem a gente vai ter a COP30 (Conferência das Nações Unidas para discutir mudanças climáticas) no Brasil. Provavelmente o encontro não vai contar com a presença do líder norte-americano porque a tendência é que Trump acabe por enfraquecer os esforços coletivos, os esforços multilaterais de solução de questões climáticas”, disse Vedovato.

O analista da Unicamp acrescentou que “a presença do Elon Musk, como principal apoiador do presidente norte-americano, e controlando uma rede social, pode ter também consequências políticas relevantes não só dentro dos Estados Unidos, mas pelo mundo afora”.

Entre presidentes

Lula preferia Kamala Harris, mas logo cedo enviou os parabéns a Trump, afirmando que a vontade do povo deve prevalecer. Bolsonaro não gostava de Biden e, na postura de vassalo de Trump, demorou para se posicionar sobre a então vitória do democrata.

Essa diferença mostra, na visão da cientista política Luciana Santana, que não deve haver maiores mudanças na relação dos Estados Unidos com o Brasil e que, apesar dos inúmeros desafios que expõem visões de mundo diferentes dos dois governantes, o diálogo deve prevalecer.

“Eu não acredito que haja mudança na orientação interna do governo brasileiro por causa do resultado das eleições americanas. E acho que o Estado brasileiro, pensando hoje, tem mais condições de diálogo com o presidente eleito dos Estados Unidos, há muito mais predisposição a um diálogo”, disse Santana.

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Raquel Miúra, correspondente da RFI em Brasília

Para analistas ouvidos pela RFI, a direita já tinha crescido, basta ver o resultado das eleições municipais. Mas daí ao retorno de Bolsonaro tem uma imensa distância, mesmo com a vitória dos republicanos, já que esses não têm na política interna brasileira uma prioridade.

Mesmo na economia há vieses que não deixam linear a equação ‘protecionismo lá, menos exportação daqui’, a começar pela falta de clareza sobre os programas de Donald Trump. O economista Gilberto Braga, professor do IBMEC, disse que certo mesmo é que a China será o alvo principal do presidente reeleito. “O que se sabe é que ele não tem um programa efetivo para a economia, mas sim promessas de campanha. Então até meados de janeiro, até que se conheça os rumos nessa área, haverá especulações e oscilações do mercado. O que sabemos é que o governo de Trump vai focar muito mais num combate às relações comerciais com a China, que hoje são a grande pedra no sapato da economia americana”, ressalta Braga.

Sobre o comércio exterior, o economista explicou que medidas protecionistas prejudicam as exportações dos outros países, inclusive as do Brasil, para o mercado norte-americano. Mas, por outro lado, tendem a manter o dólar apreciado e os juros americanos em patamares mais elevados do que se imaginava para o ano que vem.

“Dólar mais caro favorece as exportações de uma forma geral, inclusive para a economia americana, naquilo que não tiver qualquer tipo de sanção”, apontou o professor do IBMEC.

COP 30

Pela força econômica e militar americana, o retorno do republicano à Casa Branca ecoa no mundo todo, reforçando um discurso conservador que se mantém em alta também no Brasil. No entanto, para o analista internacional Luís Renato Vedovato, da Unicamp, o impacto é maior em países já governados pela extrema direita, não sendo possível inferir reflexos disso no pleito presidencial brasileiro de 2026. Mas ele chama atenção para o fato de que algumas bandeiras sensíveis para o presidente Lula, como o meio ambiente, perdem força com a derrota dos democratas

“Com relação à política internacional, ano que vem a gente vai ter a COP30 (Conferência das Nações Unidas para discutir mudanças climáticas) no Brasil. Provavelmente o encontro não vai contar com a presença do líder norte-americano porque a tendência é que Trump acabe por enfraquecer os esforços coletivos, os esforços multilaterais de solução de questões climáticas”, disse Vedovato.

O analista da Unicamp acrescentou que “a presença do Elon Musk, como principal apoiador do presidente norte-americano, e controlando uma rede social, pode ter também consequências políticas relevantes não só dentro dos Estados Unidos, mas pelo mundo afora”.

Entre presidentes

Lula preferia Kamala Harris, mas logo cedo enviou os parabéns a Trump, afirmando que a vontade do povo deve prevalecer. Bolsonaro não gostava de Biden e, na postura de vassalo de Trump, demorou para se posicionar sobre a então vitória do democrata.

Essa diferença mostra, na visão da cientista política Luciana Santana, que não deve haver maiores mudanças na relação dos Estados Unidos com o Brasil e que, apesar dos inúmeros desafios que expõem visões de mundo diferentes dos dois governantes, o diálogo deve prevalecer.

“Eu não acredito que haja mudança na orientação interna do governo brasileiro por causa do resultado das eleições americanas. E acho que o Estado brasileiro, pensando hoje, tem mais condições de diálogo com o presidente eleito dos Estados Unidos, há muito mais predisposição a um diálogo”, disse Santana.

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